Salve!
Caminhando pelas ruas de Berlim, não se pode deixar de notar as Stolpersteine (no singular: Stolperstein).
Elas estão por tudo e marcam lugares onde viveram ou trabalharam vítimas da discriminação, perseguição, deportação e extermínio das minorias. A maior parte das Stolpersteine lembra a vida de vítimas do Holocausto, mas existem também Stolpersteine que homenageiam os ciganos Sinti e Roma, integrantes da resistência política ou religiosa, homossexuais, Testemunhas de Jeová e pessoas declaradas “anti-sociais”.
Tive a sorte de presenciar a instalação de algumas delas na nossa vizinhança. A cerimônia de entrega das Stolpersteine é anunciada assim:
Pego no ato: o artista Gunter Demnig, instalando Stolpersteine desde 1996. Em maio deste ano, quando esta foto foi tirada, o projeto completa 20 anos.
Para quem pára e pensa, as Stolpersteine são uma janela interessantíssima para o passado. Imagine a sorte grande de um genealogista, ao encontrar o nome de um antepassado em uma dessas pedras de metal. De uma certa forma, lendo o destino de cada representado em uma Stolperstein, imagina-se o drama impensável de uma era.
Os destinos mais surpreendentes se revelam, desde famílias que acabaram exterminadas por completo em algum campo de concentração, até famílias que escaparam com todos os seus integrantes, e todas as possibilidades pensáveis entre estes extremos. Vislumbra-se o absurdo doloroso de tantas famílias separadas, nas quais alguns entes encontraram, por mais difíceis e perigosos que fossem, seus meios de fuga, enquanto outros, sem a sorte ao seu lado, não.
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Acima, os Klausner – Feuerbachstraße 13, Berlim
Markus e Ester Klausner, ambos com cerca de 68 anos em 1942, foram naquele ano deportados e assassinados no campo de concentração de Treblinka, no leste da Polônia. Um ano depois, em 1943, duas pessoas que parecem ser seus filhos, com cerca de 42 e 30 anos, foram deportados e assassinados em Auschwitz.
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Mais adiante, no mesmo momento, estavam recém instalados
A família Buck, Siegfried Kniebel e Minna Epstein – Feuerbachstraße 9, Berlin
Cada um dos três integrantes da família Buck teve um destino diferente. Pai e filho, judeus de origem polonesa, com 53 e 15 anos, foram expulsos na “Polenaktion” em outubro de 1938. Os deportados não foram aceitos na Polônia, deixando-os em uma terra de ninguém no extremo leste da Alemanha por vários meses. Somente em 1939 o filho obteve um meio de transporte para menores (Kindertransport) para a Inglaterra. O pai conseguiu retornar e fugir para a Itália, e finalmente para a França, em 1940, permanecendo vivo, mas vivendo em segredo. A mãe escapou para a França, mas foi detida no campo de deportação Drancy durante a ocupação nazista, sendo deportada e assassinada em Auschwitz em 1942, com cerca de 48 anos.
Siegfried Kniebel foi prisioneiro no campo de concentração Sachsenhausen em 1938, sozinho, aos 55 anos. Deportado para Auschwitz em março de 1943, e assassinado no mês seguinte, aos 60 anos.
Minna Epstein, casada ou viúva, foi deportada sozinha para o campo de concentração de Riga (Letônia) em 1942, e assassinada após 3 dias, aos 53 anos.
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As Stolpersteine estão espalhadas pelo mundo e são consideradas o maior monumento descentralizado do mundo.
Às vezes, a beleza de lembrar deixa um gosto amargo.
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Update
Das Stolpersteine por que passo todos os dias, essas são as que primeiro notei:
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Att,