Salve!
Mais dia menos dia, quem curte Genealogia acaba se deparando com a Heráldica.
“Indiscutivelmente, a Heráldica está viva e de boa saúde. Basta estarmos atentos ao que nos rodeia: existe Heráldica por toda a parte.” ~ Luís Belard da Fonseca, Heráldica Portuguesa
A Heráldica, ciência e arte de estudo e representação de brasões, é muitas vezes auxiliar à Genealogia. Isso porquê, nas suas origens, os brasões eram atribuídos não a todos os portadores de um sobrenome, mas sim a um homem e seus descendentes diretos, ou seja, a uma linhagem específica de uma família.
A Heráldica obedece a um conjunto de princípios e regras cujo objetivo é proporcionar certas qualidades estéticas. Originalmente utilizados na Idade média, para identificar aliados e oponentes em campo de batalha, os escudos buscavam a legibilidade à longa distância; um aspecto inconfundível e único; e principalmente, a clareza e simplicidade do desenho, obtidos através de um sistema próprio de organização geométrica, cromática e simbólica.
Tradicionalmente, os brasões eram honrarias pessoais concedidas pela coroa em reconhecimento a algum evento marcante. Eram cabíveis aos descendentes do cavalheiro que primeiro o obteve, passados de geração em geração de pais para filhos, pois – Como a História é Sexista – as mulheres, a rigor, não passam seus brasões a seus descendentes. No Brasil, os brasões familiares foram designados durante a monarquia, e eram registrados no extinto Cartório de Nobreza e Fidalguia. A queda das monarquias, em 1889 no Brasil, e 1910 em Portugal, levou consigo o papel da heráldica como símbolo nobiliárquico.
Mas nem por isso deixou de existir a iconografia da heráldica e o fascínio com a brasonaria. Com o passar dos tempos, o brasão passou a ser um símbolo autoatribuído, e pode ser um símbolo pessoal, familiar, cívico, político, corporativo, esportivo, eclesiástico, militar, enfim: um símbolo para o que quer que seja. O brasão é simultanemente símbolo e lembrança, e portanto, é relíquia.
Além disso, a heráldica clássica repercute até hoje como fonte de inspiração recorrente para o design logotípico, como nos lembram algumas célebres escuderias. Para mostrar outras possibilidades atuais de aplicação da heráldica, seguem alguns exemplos modernos e releituras de brasões, em estilos evidentemente derivados dela:
Na galeria acima, está o brasão em estilo heráldico tradicional repaginado com estilo geométrico, ênfase na silhueta, e abandono dos esmaltes heráldicos em favor da simplicidade monocromática. Conceito de identidade visual para a Hungria. Um trabalho de Miklós Kiss.
E para encerrar, deixo aqui o brasão de Zurique –
mais clássico, impossível:
…e mais atual, também é difícil.
Att,