Salve!
À diferença do post anterior, esta entrada vai mais suave. Exceto que há, entre vários autores, uma discussão histórica sobre a mãe do Barão do Serro Largo. A pesquisa da linhagem materna do general flui sem grandes reviravoltas e revelações, mas, todavia, entretanto, porém – o que encontramos no papel – e o papel aceita tudo – vai de encontro à uma certa uniformidade na descrição do aspecto físico de José de Abreu.
Na verdade, a confusão começa com algumas declarações contraditórias do próprio marechal. Dizia-se filho legítimo de João de Abreu com Ana Maria de Jesus, natural de Rio Grande – declarações dele mesmo. Mas, como já explicado antes aqui, sendo filho legítimo de João de Abreu, só poderia ter como mãe Ana Bernarda de Jesus ou de Souza. A confusão de nomes, ou na verdade, o que eu chamaria de uma certa flexibilidade onomástica, era muito comum nos registros anteriores ao século XX. Até aí, nada de estranho.
Leitura recomendada:
Sobre a onomástica no período Colonial (Martha Hameister)
O erro da naturalidade desta mãe – dita rio-grandina ao invés de terceirense – é também perdoável: o Barão considerava a si próprio rio-grandino, muito embora soubesse perfeitamente que era carolino, ou seja, natural de São Carlos de Maldonado. O que realmente coloca uma pulga atrás da orelha é como o seus contemporâneos lhe descrevem, ao mencionar por vezes algum atributo físico considerado indígena, por vezes o domínio fluente que ele tinha da língua Guarani.
Há, porém, uma construção histórica do personagem do marechal: à medida em que vários autores acrescentam sobre as obras uns dos outros, podem inadvertidamente exagerar características, que foram atribuídas sob a ótica das percepções pessoais, e que pertencem, por sua vez, à mentalidade e as concepções de um determinado lugar e tempo; e assim, podem ser mais ou menos verdadeiras. Nessas perguntas, ainda gostaria de ir mais a fundo em outra oportunidade.
Feitas essas ressalvas, começo pelo casamento de Ana Bernarda de Jesus com João de Abreu, pais do Marechal José de Abreu:
Passeando pelos registros de casamentos em Santa Cruz, ilha Terceira, e demais freguesias da mesma ilha – eis o que nos dizem os papéis:
António de Sousa e Antónia Clara da Conceição casaram-se aos cinco de agosto de 1737, em Santa Cruz, Ilha Terceira.[1] Este foi o terceiro casamento de Antonio de Souza, viuvo de Maria da Vitória[2] e de Apolónia de Guadalupe;[3] e o segundo casamento para Antónia Clara da Conceição, viúva de Manuel de Aguiar, com que se casara em 1731.[4] António de Sousa era filho de Cosme de Sousa e de Catarina Gomes, todos do Pico. Antónia Clara era filha de Manuel Ferreira (de Aguiar) e de Lourença Maria da Conceição, fregueses de Nossa Senhora da Pena, Fontinhas.
Manuel Ferreira de Aguiar casou três vezes, sendo a primeira esposa Bárbara Dias, em 1676,[5] e a segunda Inês Vieira, em 1677.[6] Casou em terceiras núpcias com Lourença Maria da Conceição, filha de António Teixeira e Bárbara Cardoso, paroquianos de Santa Bárbara, Fonte do Bastardo, aos 4 de abril de 1707, em Santa Cruz.[7] Manuel Ferreira de Aguiar era filho de Simão de Aguiar e Beatriz Alves e faleceu antes de 18 de outubro de 1721, data em que Lourença Maria casa-se pela segunda vez, com Domingos Martins, em Santa Cruz.[8]
Simão de Aguiar e Beatriz Alves casaram-se em 18 de janeiro de 1644, em Lajes, na Terceira.[9] Ele era filho de António Ferreira e Beatriz Alves ou Álvares, fregueses de Agualva, e ela era filha de Francisco Simão e Bárbara Lucas, fregueses de Lajes.
António Ferreira e Beatriz Álvares casaram-se aos 3 de fevereiro de 1613, como a maioria dos casais já citados, também em Santa Cruz:[10] ele, filho de Antão Ferreira e Beatriz Gonçalves, e ela, filha de André Álvares e Maria Pestana.
Em resumo, foi possível alcançar até sete gerações a partir de José de Abreu, como na seguinte tabela, mostrando as gerações mais remotas no topo, até a mais recente, na base:
por descobrir | |||||||
Antão Ferreira & Beatriz Gonçalves N.±1565 |
André Álvares & Maria Pestana N.±1565 |
por descobrir | |||||
António Ferreira & Beatriz Álvares N. ±1590 C. 03.02.1613, S.ta Cruz, Terceira |
Francisco Simão & Bárbara Lucas N. ±1605 – – |
por descobrir | |||||
Simão de Aguiar
N. ±1625 C. 18.01.1644, Lajes, Terceira |
Beatriz Alves
N. ±1630 C. 18.01.1644, Lajes, Terceira |
António Teixeira
N. ±1665 – |
Bárbara Cardoso
N. ±1670 – |
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Manuel Ferreira de Aguiar
N. ±1655, Terceira, Açores C.c Bárbara Dias 27.01.1676, Santa Cruz, Terceira C.c Inês Vieira em 19.09.1677, Santa Cruz, Terceira C. c L.ça M.a da C.çãoem 04.10.1707, S.ta Cruz, Terceira F. antes de 18.08.1721 |
Lourença Maria da Conceição
N. ±1690, Terceira, Açores – – C.c M.el F.ra de Aguiar em 04.10.1707, S.ta Cruz, Terceira C. c Domingos Martins em 18.08.1721, Santa Cruz, Terceira |
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Antónia Clara da Conceição
N.±1715 C.c Manuel de Aguiar em 29.11.1731, Fontinhas, Terceira C.c António de Sousa em 05.08.1737, Santa Cruz, Terceira ( António de Sousa, filho de Cosme de Sousa e Catarina Gomes, N. ±1680, Pico, Açores C.c Maria da Vitória em 12.12.1700, Santa Cruz, Terceira C.c Apolónia de Guadalupe em 12.01.1722, Agualva, Terceira C.c Antónia Clara da Conceição em 05.08.1737, Santa Cruz, Terceira F. antes de 21.10.1757 ) Antónia Clara e António de Sousa foram pais de |
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Ana Bernarda de Sousa
B. ±1740, Santa Cruz, Terceira, Açores C. c João de Abreu em 21.10.1757, Rio Grande, Rio Grande do Sul, Brasil F. 28.11.1788 Rio Grande, Rio Grande do Sul, Brasil Ana Bernarda e João de Abreu foram pais de |
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Vicente, Cláudia Petrona, José de Abreu, Joaquim, Francisco, Romão e Manuel |
É por hoje, é só…!
Desta que vos escreve, a